Engravidar não é tão fácil como você pensa.
Eu sempre quis ser mãe cedo, eu lembro que eu ficava contando, quando eu tiver uns 40 anos meu filho vai ter 20 anos e eu vou tá nova ainda, e etc…
Assim que eu casei, queria muito ser mãe, mas essa decisão precisa ser do casal.
Passamos anos postergando pelos motivos comuns possíveis (falta de tempo, precisa ter muito dinheiro, primeiro vou me formar, ter um emprego estável e etc).
Alguns anos atrás eu comecei a sentir umas dores abdominais, após exames descobri que minhas duas trompas estavam dilatadas, o diagnóstico a princípio foi hidrossalpinge, fiz tratamento com antibióticos mas não resolveu, todo o exame que eu fazia dava hidrossalpinge… E junto ao diagnóstico vem a notícia, de que eu nunca iria poder ter filhos (de vias naturais). Sim, meu mundo caiu, por que eu sempre achei que filho era fácil de fazer, que quando eu quisesse ou decidisse, eu teria. Você, descobrir que o seu corpo não é capaz de gerar uma vida, é frustrante, chorei horrores, chorei a cada grávida que passava por mim, a cada bebê e a cada criança que eu via passar. Parece engraçado, após a minha descoberta, muita gente “resolveu” engravidar (foi bem na pandemia, rsrs), eu não sentia inveja, eu só lembrava que nunca iria poder viver aquilo, nunca vou ver o rostinho de um filho, nem ter a alegria de ser chamada de mamãe.
Uma coisa é quando você está no controle e acha que quando você quiser, você pode. Outra coisa bem diferente é você não poder NUNCA.
(Nesse período aconteceu o meu processo de conversão a Igreja Católica, eu conto mais sobre isso em outro post).
Após algum tempo e vários exames, diagnósticos, médicos diferentes, consultas e etc, já estávamos mais tranquilos apesar de ainda doer muito quando alguém pergunta: E aí, quando é que vocês vão ter filhos? Eu descobri que uma simples pergunta pode acabar com todo o seu dia, ou a sua semana, descobri como uma simples pergunta pode ser cruel e pode ferir profundamente.
Por favor, não pergunte nunca isso a um casal, por que não sabemos as dificuldades que eles estão passando, e eles não tem obrigação de compartilhar isso com ninguém.
Eu sempre pedia em minhas orações de ter a graça de gerar uma vida, afinal, só um milagre pra poder realizar. “Senhor, eu quero muito ser mãe, poder gerar uma vida, mas que seja feita a Tua vontade.”
Apesar do diagnóstico, as dores me acompanhavam.
Eu fui em vários médicos da minha cidade, até que em uma consulta o médico me falou que hidrossalpinge não ocasiona dor, e me encaminhou para um ortopedista. Depois de passar com o ortopedista fiz alguns exames e descobri bursite no quadril, pronto, o motivo da dor era esse, e não a hidrossalpinge como eu pensava. Então comecei a fazer tratamentos e fisioterapias e pilates, comprei aparelho de massagem, aparelho de tens, tudo para melhorar a dor, pois não aguentava mais ficar na base de remédios. Por considerável tempo, melhorou, mas chegou uma época que as dores foram se intensificando, e o remédio que eu considerava o mais forte, já não fazia mais efeito.
Certo dia eu e meu esposo entramos em uma loja religiosa, um livro me chamou atenção:”Novena para casal tentante.” Compramos e começamos a fazer.
Semanas se passaram, e eu comecei a sentir muita dor, fui para o hospital e descobri que uma trompa estava muito dilatada e teria que retirá-la naquela hora, no mesmo dia fui para o centro cirúrgico, fiz a cirurgia que graças a Deus ocorreu tudo bem! Deus me colocou nas mãos de um médico muito atencioso, o qual eu nunca tinha visto.
Na cirurgia foi necessário retirar a trompa e o ovário do lado direito que estavam bem comprometidos, e sim meus leitores, as minhas dores não eram hidrossalpinge ou bursite, descobrimos que minha trompa estava completamente inflamada e comprometida pela famosa endometriose, apesar da perda, meu sentimento era de gratidão a Deus.
Meses se passaram e graças ao bom Deus eu não sinto mais dores, quanto aos filhos, continuamos deixando tudo nas mãos de Deus, pois Ele sabe de todas as coisas. Sem perder a esperança, entendo que a nossa jornada pode ser fecunda, e não se mede o quanto temos aprendido e crescido através desta experiência.